Aprenda a degustar e sentir, em boca, tudo que o vinho tem para lhe oferecer.
Beber um vinho despretensiosamente entre amigos é uma delícia, mas existem vinhos que merecem ser degustados com atenção, para aproveitarmos tudo o que ele tem a oferecer.
Girar e sentir os aromas, apesar de ser muito importante, já virou moda. Então, todos que gostam de vinho tendem a fazê-lo.
Mas você sabe como funciona a sua boca para sentir todos os sabores? Pois bem, não basta tomar um gole, são necessários alguns cuidados para despertar nossa atenção.
Podemos dividir nossa experiência com o vinho em boca em 4 etapas.
A primeira delas é muito simples, vamos “vinhar a boca”, dar um gole só para acostumar o nosso paladar com as sensações que estão por vir.
Depois sim, entramos na parte mais complexa da nossa degustação. É importante que este segundo gole seja generoso, isso quer dizer, uma quantidade suficiente de vinho para que você consiga passear com ele por toda a boca. Entenda aqui que não é só a língua que nos traz informações sobre o vinho, o céu da boca, as bochechas e até mesmo os dentes nos ajudam a identificar certas características.
Nesta etapa da degustação, você vai tentar sentir o CORPO do vinho, se ele “pesa na língua”, ou se passa rápido sem percebemos.
Para quem já está mais acostumado, podemos sugerir abrir a boca fazendo um tipo de “bico” e sugando um pouco de ar para perceber outras característica, como aromas e até mesmo as sensações de picância que alguns vinhos apresentam.
A terceira etapa é logo após a gente engolir o vinho. Podemos perceber o amargor, o calor – gerado pelo álcool, a acidez e os taninos.
Esses dois últimos merecem uma explicação mais detalhada. A acidez é a sensação de salivação que sentimos após engolirmos um vinho. Podemos então fazer o teste, por quantos segundos nossa boca fica salivando? 1, 2, 3? Quanto mais tempo mais acidez possui o vinho.
Quanto ao tanino é o oposto, a sensação de secura na boca. Aqui podemos sentir nossa bochecha seca, nossos dentes com aquela ponta de adstringência e são essas impressões que devemos perceber para saber o quanto tânico é o vinho.
E como existem vinhos que tem boa acidez e ao mesmo tempo são tânicos? A sensação de secura pode sim aparecer junto com a salivação, são características que a gente aprende a sentir com a prática, fique tranquilo que se você ainda não consegue perceber tudo isso.
A última etapa é entender a persistência do vinho. Por quanto tempo, após engolir, você consegue “sentir” o vinho em boca. Alguns vinhos “leves” são como água, mal a gente engole, já deixamos de percebê-los, mas existem outros que seguem perceptíveis após um tempo, são esses que chamamos de vinhos “longos”.
Outra dica interessante é tomarmos um 3º gole com o nariz fechado (aqui vai da sua habilidade, se não conseguir, use os dedos em pinça para fechar no nariz). Você vai perceber que muito do que sentimos está vinculado aos aromas. Inclusive, tem vinho que achamos adocicado e pensamos: como está escrito “seco” no rótulo se é tão docinho. Esses vinhos são onde melhor se encaixa essa experiência. Sem os aromas você sente que o vinho é seco, pois muito da doçura não é açúcar e sim aromas adocicados que podem nos confundir.
Enfim, a complexidade é grande e a cada garrafa você descobrirá algo diferente. Costumamos dizer que a “litragem” é uma boa escola, mas para isso você precisa degustar além de beber. Ou seja, preste atenção em todo vinho que experimentar. No fim das contas, são 3 goles ativando o cérebro, depois você bebe com os amigos e se diverte com o restante da garrafa.